A história de dois irmãos: Em lados opostos da Segunda Guerra Mundial
Em um dos momentos mais difíceis da humanidade, temos a história de 2 (dois) irmãos separados pela guerra, um dos irmãos serviria como pracinha na querida FEB, enquanto o outro atuaria junto as Forças do Eixo, no lado hitlerista alemão.
A história dos irmãos Gerd Emil Brunckhorst e seu irmão Paul Heinrich, lutaram como soldados na Segunda Guerra Mundial, com uma diferença importante: estavam em lados opostos e poderiam até ter combatido um contra o outro. O cabo Gerd serviu na Força Expedicionária Brasileira e sobreviveu à guerra.
Gerd trabalhava em uma companhia de seguros no Rio de Janeiro e foi afastado da empresa por ser filho de alemães quando o Brasil declarou guerra em 1942. Mas isso não impediu que fosse recrutado e partisse para a guerra no primeiro escalão da tropa brasileira. Serviu na 1ª Companhia do 9º Batalhão de Engenharia, a primeira unidade a entrar na linha de frente em 1944. A família morava em São Paulo. Quando Gerd se mudou para o Rio, informou ao Exército “eu era tão “caxias” que me apresentei no recrutamento”. Se não fosse isso, talvez nem tivesse sido recrutado, dado o caos do recrutamento da FEB, que teve vários médicos convocados para servir como tenentes de infantaria.
“Mas não me arrependo destes três anos do Exército“, diz ele. Um médico também se ofereceu para “dar um jeitinho” e torná-lo incapaz de ir à guerra, de graça. Gerd recusou. “Senti vergonha“, diz. “Muitos pagaram por isso, mesmo oficiais”, afirma Gerd. Ele se lembra de vários filhos de alemães na unidade. Um tenente certa vez levou um susto ao ver alguns do grupo: “mas é tudo Fritz!”, exclamou.
Gerd foi um dos primeiros a desembarcar como intérprete dos oficiais brasileiros, onde falava 3 idiomas. Ele integrava o 9º Batalhão de Engenharia, a primeira unidade brasileira a entrar em ação na Segunda Guerra para construir estradas e pontes, também lutou em Monte Castelo.
No entanto, cinco meses após sua chegada, em novembro de 1944, Gerd sofreu uma fratura no joelho, o que determinou o fim de sua atuação no Exército. No ano seguinte, no dia 8 de maio, se encerraria o conflito.
Gerd com 95 anos segurando uma foto do irmão.
Pracinha Gerd Brunckhost em uma solenidade no Monumento aos Ex-Combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), em São Paulo
http://www.cmse.eb.mil.br/images/imagens_artigo/MAIO19/DSC_3183.JPG
Paul Heinrich Brunckhorst teve menos sorte. Aos 16 anos, a família o enviou para a Alemanha em 1938 para fazer um tratamento de saúde. Ele tinha problemas de crescimento, media apenas 1,50 metro. A guerra começou em 1939 e ele ficou retido no país de seus ancestrais. Seu tamanho não impediu que fosse recrutado para o Exército alemão em 1943, sendo ferido uma vez, e depois morto em combate na frente russa. Antes disso ele tinha trabalhado em uma indústria bélica.
Getúlio Vargas visita soldados da FEB durante embarque para a Itália / Crédito: Domínio público / Arquivo Nacional
A família no Brasil tinha notícias esporádicas através de cartas enviadas via Suíça. “Ainda tenho as cartas dele“, diz Gerd. O corpo de Paul nunca foi encontrado. A família só soube da morte depois da guerra.
Outros descendentes de alemães foram para a guerra como voluntários, como fizeram também filhos de franceses, britânicos e italianos. Um primo de Gerd serviu na Força Aérea alemã. Alunos da “Deutsche Schule” de São Paulo, a Escola Alemã (hoje Porto Seguro), lutaram dos dois lados.
Jornal da época com a noticia dos irmãos.
Fonte de pesquisa e agradecimentos:
Site: Aventuras na História
Site: Folha de São Paulo
Site: História Militar